segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Amor em preto e branco.


Ela era exata. Tudo sobre controle, conciso, contido com clareza. Era corajosa, forte e doce. Uma menina que com o olhar se fazia mulher, e com a voz se voltava pueril. Tornava tudo tão intenso, tudo tão apaixonante. Eu me encontrava simplesmente perdido dentro dela. Todo o meu subjetivismo não a sensibilizava, e a brincadeira de fazer círculos não era mais divertida.
Aquele olhar, ah! Aquele olhar que me fazia entregar tudo, dizer tudo, como uma criança com medo dos pais.
A voz de veludo, penetrante, conseguia qualquer coisa, eu fazia qualquer coisa pra escutar um "te amo" com toda aquela leveza e intensidade dialéticas que só ela possuia.

Porém, a mulher ideal era dona de uma mania terrível: Fotografar a realidade. E ela nem se dava conta, assim perdemos a essência, o sentido e a beleza.

-Saiba que sinto uma limitação quase física em fotografar sentimentos. Como falar de amizade, amor, admiração separadamente? Entenda, meu bem, definir é uma forma humana de tentar retratar com fidelidade nosso mundo confuso. Mas é apenas uma tentativa, e muito falha por sinal. Os sentimentos não se dividem, eles são elásticos. São como conjutos com várias intercessões. Os sentimentos são pontadas dentro da gente. Caso ainda preferir ver como fotografias, saiba, depois de você elas passaram a ser preto e brancas








e eu te amo será sempre escrito com letras cinzas em um papel cinza.