quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

http://www.youtube.com/watch?v=OoYOBK-nSl8

"Eu falo de amor à vida,
Você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso
E você de azar ou sorte.

Eu ando num labirinto
E você numa estrada em linha reta.
Te chamo pra festa,
Mas você só quer atingir sua meta.
Sua meta é a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu olho pro infinito
E você de óculos escuros.
Eu digo: "Te amo!"
E você só acredita quando eu juro.

Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era.
E o que era?
Era a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu grito por liberdade,
Você deixa a porta se fechar.
Eu quero saber a verdade
E você se preocupa em não se machucar.

Eu corro todos os riscos,
Você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteiro
E você se satisfaz com metade.
É a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa não te espera!

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?

Sempre a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?"

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Amor em preto e branco.


Ela era exata. Tudo sobre controle, conciso, contido com clareza. Era corajosa, forte e doce. Uma menina que com o olhar se fazia mulher, e com a voz se voltava pueril. Tornava tudo tão intenso, tudo tão apaixonante. Eu me encontrava simplesmente perdido dentro dela. Todo o meu subjetivismo não a sensibilizava, e a brincadeira de fazer círculos não era mais divertida.
Aquele olhar, ah! Aquele olhar que me fazia entregar tudo, dizer tudo, como uma criança com medo dos pais.
A voz de veludo, penetrante, conseguia qualquer coisa, eu fazia qualquer coisa pra escutar um "te amo" com toda aquela leveza e intensidade dialéticas que só ela possuia.

Porém, a mulher ideal era dona de uma mania terrível: Fotografar a realidade. E ela nem se dava conta, assim perdemos a essência, o sentido e a beleza.

-Saiba que sinto uma limitação quase física em fotografar sentimentos. Como falar de amizade, amor, admiração separadamente? Entenda, meu bem, definir é uma forma humana de tentar retratar com fidelidade nosso mundo confuso. Mas é apenas uma tentativa, e muito falha por sinal. Os sentimentos não se dividem, eles são elásticos. São como conjutos com várias intercessões. Os sentimentos são pontadas dentro da gente. Caso ainda preferir ver como fotografias, saiba, depois de você elas passaram a ser preto e brancas








e eu te amo será sempre escrito com letras cinzas em um papel cinza.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Revirando a noite/ Revelando o dia.

Ao chegar, lançou um primeiro olhar sobre a festa. Não a encontrou. Comprimentou a todos, caminhou e com um olhar mais cuidadoso enxergou-a. Talvez não a que ele procurasse. O salto, o cabelo solto, as pernas marcadas pela calça colada denunciavam que aquela não era mais a menina dos olhos cor de mel. Sobre os seus olhos escuros havia uma mulher.

Ela, por sua vez, tentava sentir toda aquela boa sensação; sair de si, como no conto "encarnação involuntária".

Dançava e insinuava-se, pra um, dois, três. Deixava de lado a preocupação com o sentimentalismo, brincava com a vontade dele de beijá-la e mostrava o quanto tinha-o nas mãos. Depois voltava-se com um sorriso doce, remetendo à menina que cantava.

Com o dedo ela misturava a vodka, e a vodka misturava aquelas duas personalidades que habitavam o corpo já cansado.

Aquele hedonismo assustava o garoto. Logo ele, meio puritano. A pele alva ficava cada vez mais vermelha, e o coração acompanhava a batida da música e os movimento corporais da sua musa.

A menina, tão mulher, fazia o garoto sentir-se tão menino, e tão pequeno, e tão triste por não conseguir atravessar o campo de forças que a rodeava quando ela dançava.

No final da festa, veio a vingança pessoal. Aquele corpo que outra hora fazia-se tão grande e causava tanto desejo, era carregado por mais duas meninas.
Ela, rainha, majestade, mulher, agora não conseguia andar. E ele, sentia-se homem simplesmente por estar de pé.








sexta-feira, 24 de julho de 2009

As febres loucas e breves que mancham o silêncio.


"Oi, amor! Deixa eu te dizer antes que o ônibus parta, que o avião decole ou que o navio desembarque. Deixa eu te falar dessas marcas impregnadas na alma que você costumava chamar de lembrança. Deixa eu te explicar como me tornei muito de ti e muito do que eu nunca queria que tu fosses.Deixa eu te ligar às nove, mesmo sabendo que estás dormindo depois de ler algumas páginas de c. f. Abreu.

Deixa, porque eu quero ter novamente teus olhos em meia lua me observando, quero sentir o dia passar com aquela velocidade típica de quando estamos juntos.

Vem comigo, amor! Deixa eu te mostrar o entardecer, deixa eu te mostrar o quanto queria ver minhas dores se pondo junto com esse sol.

Hoje não quero parafrasear o belo, buscar palavras. Hoje quero ser clichê, sentir dores clichês, buscar saídas clichês. Quero esquecer a força do tempo que como diria 'Detalhes' transforma todo amor em quase nada."

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O pouco que sobrou.


Saber onde esconde-se o amor é objetivo maior do blog. Difícil de ser encontrado em meio a tanta informação e conturbação, procuro senti-lo no belo, no corriqueiro, no prosaico. Tentar tirar do lugar comum sinceridade e lirismo. Os sorrisos, bom dias, abraços que sensibilizam.

O fascinante interior humano que consegue fazer dos pequenos atos combustível, transforma e recria o que é verdadeiramente grande.

Talvez uma forma de exercitar o espírito reprimido de poeta, talvez o desafio de vomitar palavras e encaixá-las.

De certo, tentarei dar a esse espaço uma atmosfera diferente, onde o pouco que sobrou ainda tem o poder de emocionar.